Como surgiu a cachaça? História completa dessa bebida!

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Saber como surgiu a cachaça é, por essência, conhecer a própria formação do estado brasileiro, da cultura e da memória social de um povo intimamente próximo do consumo e do imaginário da cachaça.

Ao menos desde o início do século XVI a cachaça é produzida no Brasil, participando, ao longo dos cinco séculos de história nacional, dos ciclos econômicos, da ocupação do solo, da colônia, do império e da república.

Neste artigo exclusivo, a Famigerada explica como surgiu a cachaça e sua relação com a história nacional: de produto proibido à Patrimônio Histórico Cultural.

Continue no artigo e tenha uma ótima leitura!

Como surgiu a cachaça: origem

É consenso entre historiadores e aficionados pela história da cachaça que a sua origem está associada ao estabelecimento dos primeiros engenhos de açúcar no litoral brasileiro, tanto na costa nordeste quanto no sudeste do território colonial.

Um dos aspectos determinantes, neste processo de identificação de origens, é a análise de documentação. Seja aquela administrativamente produzida ou, inclusive, relatos de memorialistas e viajantes.

Por exemplo, a carta de autorização ao desenvolvimento de engenho para produção de açúcar, derivados e aguardente, de 1532, concedida pela coroa portuguesa ao então governador e donatário da Capitania de São Vicente, Dom Martim Afonso de Sousa.

Segundo edição do testamento de Martim Afonso e sua esposa Ana Pimentel, foi lavrado em 1534 no cartório de Lisboa a escritura do então “Engenho do Governador” na Capitania de São Vicente (hoje considerada arqueologicamente como as ruínas mais antigas do Brasil). No mesmo cartório foi registrado um outro engenho construído logo a seguir em Itamaracá no Pernambuco, tendo como proprietário Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim.

Ou seja, é de comum acordo entre especialistas que os processos que explicam como surgiu a cachaça estão relacionados à ocupação do litoral brasileiro. Por este aspecto, desde o século XVI, nos primeiros assentamentos e engenhos, a cachaça potencialmente já estava presente como aguardente da terra.  

Primeira destilação e evolução

Considerando a instalação oficial do Engenho de Dom Martim Afonso de Sousa, pode-se estabelecer como marco historiográfico para a produção de cachaça no Brasil o ano de 1534.

De acordo com documentação histórica, Dom Martim Afonso de Sousa chega ao território brasileiro, em São Vicente, em 22 de janeiro de 1531. No ano seguinte, em 1532, uma nau foi enviada à Ilha da Madeira para buscar mudas de cana-de-açúcar que, provavelmente, foram plantadas naquele mesmo ano.

Tendo em vista que um canavial maduro e produtivo demora cerca de um ano e meio para estar apto à colheita, logo, pode-se inferir que o início da produção ocorre em paralelo com o registro oficial da empresa de Dom Martim em 1534.

Desde então, a produção de cachaça se consolidou com a instalação e atividades da cultura e economia dos engenhos ao longo do território da colônia, abarcando regiões litorâneas e do interior do Brasil.

Proibição e legalização da cachaça

Temendo um avanço da desvalorização do vinho, um dos principais produtos de exportação portuguesa, a Companhia do Comércio proíbe por Carta Régia de 1649 a fabricação da cachaça em todo o território da colônia.

Esta proibição, no entanto, incita os senhores de engenhos. Em 1660, no Rio de Janeiro, eclode a Revolta da Cachaça, um dos primeiros movimentos de contestação da autoridade portuguesa organizados pelas elites produtivas locais.

Após este período, a cachaça retorna ao seu status de commodity de rico valor, participando de trocas comerciais por entre territórios portugueses e integrando o imaginário popular local.

A cachaça e a economia colonial

As relações econômicas entre Portugal e seus territórios Ultramarinos se deram, ao longo dos séculos XVI ao XIX, por meio do exclusivismo mercantilista. Isto é, os produtos de uma determinada região sob conquista colonial eram direcionados a outras sob administração lusa.

Este fato, no entanto, não denota a inexistência de abastecimento interno, com produtos alimentícios, de vestuário e outras mercadorias que ricamente compunham as mesas e as lojas do Brasil Colônia.

Nos ciclos produtivos do mercantilismo, o Brasil vivenciou eras do plantio da cana-de-açúcar, assim como da extração de ouro e diamantes em terras mineiras. Em todos os momentos, a cachaça esteve presente.

Por exemplo, o destilado esteve presente num momento icônico da história brasileira, quando Bartolomeu Bueno da Silva ateou fogo em um prato de cachaça e foi apelidado pelo povo Goyáz como Anhanguera, o Diabo Velho.

Seja sob a forma de subproduto da manufatura de açúcar, nos engenhos do litoral, ou nos embornais daqueles que se aventuraram na exploração do interior na colônia portuguesa.

Por este aspecto, a cachaça é um dos produtos que mais se aproxima da própria formação do estado brasileiro. Participando da ocupação do solo, dos ciclos econômicos, assim como nas revoltas, independência e consolidação da república até os dias atuais.

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Como a cachaça ficou tão popular no Brasil?

A popularidade do destilado, no Brasil, está associada não somente às justificativas que explicam como surgiu a cachaça, mas à capilaridade de seu consumo e sua presença como commodity circulante em território nacional durante séculos.

Por exemplo, registros no território de São Paulo indicam o uso da cachaça, no século XVIII, como medicamento aplicado à cura e tratamento de diversas enfermidades, como varíola ou sarampo.

Além de sua aplicação medicinal, a cachaça também circulava por entre os territórios do Brasil Colônia. Em Minas Gerais, por exemplo, o produto era alvo de tributações significativas, dado a importância para a economia local.

Do mesmo modo, nos territórios a nordeste da colônia, em regiões como a Capitania de Pernambuco, a cachaça representava um produto de exportação ao continente africano, alimentando os mercados da Costa da Mina e Angola.

Além de seu passado colonial, a cachaça também participou, durante o século XIX, das vivências e do imaginário de um Brasil imperial. Tornando-se produto exaltado em canções e consumido por entre becos e vielas das cidades que presenciaram o nascimento da modinha, do lundu, do choro e do samba.

Por estes aspectos, a cachaça representa, ao longo da história do Brasil, um produto nacional com função social, econômica e cultural, auxiliando no processo de constituição da identidade brasileira.

Inovação e diversificação na produção de cachaça

Ao longo de cinco séculos de produção, a produção de cachaça se modernizou, inovando no emprego de recursos tecnológicos avançados e na sua diversificação em produtos premium, artesanais e de consumo fino.

Neste processo, escolas de alambique foram consolidadas, de acordo com a prática e saber local que coordena todos os processos produtivos.

Por exemplo, a escola mineira de cachaça que adota o jequitibá rosa e jequitibá branco na construção de blends exclusivos para barril de maturação e envelhecimento do destilado.   

Cachaça: de bebida proibida a Patrimônio Nacional

Apesar das imposições iniciais da coroa portuguesa à produção e comercialização de cachaça brasileira, o destilado nacional imperou em território brasileiro ao longo de cinco séculos.

Presente no cotidiano do campo, das vilas coloniais, das cidades imperiais e das megalópoles do presente, a cachaça representa um traço que une todo e qualquer brasileiro em uma identidade nacional.

Por este aspecto, desde 2016 o destilado é considerado Patrimônio Nacional. Isto é, símbolo em comum, pertencente à memória social e parte integrante da cultura brasileira.

Curiosidades sobre a cachaça e seu surgimento

Confira a seguir algumas respostas sobre mitos relacionados a como surgiu a cachaça e entenda a fundo sobre este destilado que representa a alma nacional!

Quem foi que inventou a cachaça?

De fato, não há um inventor em específico, sendo a cachaça um produto da alma brasileira. No entanto, estima-se que sua produção inicial se deu nos séculos XVI e XVII ao longo da costa brasileira.

Como os escravos faziam cachaça?

Sendo um produto colonial, a primeira mão de obra empregada, infelizmente, era escrava. Inicialmente por indígenas nomeados de negros da terra e, posteriormente, substituídos por negros, africanos ou brasileiros, também em condição escrava.

O processo de produção seguia a destilação em alambiques rudimentares, conduzidos por estes mestres lembrados, atualmente, no resgate e preservação da memória ancestral das cachaças artesanais.

Por que a cachaça se chama pinga?

Apesar de convencionalmente associada a um processo de gotejamento, a designação “pinga” não está associada aos primeiros processos de destilação da cachaça.

Isto devido à complexidade e inteligência de manufatura necessárias para produzir o destilado, mesmo ainda no século XVI ou XVII. Afinal, a cachaça representava uma das tecnologias produtivas da economia colonial.

Por este aspecto, o nome “pinga” se associa com maior intensidade ao imaginário popular, por motivos culturais diversos, sem ter, contudo, quaisquer vínculos com a sua produção inicial.

A Famigerada é especialista em cachaças, produzindo e comercializando destilados premium artesanais de acordo com os preceitos ancestrais da escola mineira de alambique.

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Conclusão

Neste artigo exclusivo da Famigerada você aprendeu como surgiu a cachaça e quais os fatos históricos relacionados à sua produção ao longo de cinco séculos de Brasil.

A cachaça é um destilado exclusivamente brasileiro, participando do processo de consolidação do território nacional, da cultura e da memória social. Por este aspecto, é considerada Patrimônio Histórico e Cultural.

A Famigerada, especialista em cachaça, segue a escola mineira de produção. Fabricamos e comercializamos cachaças artesanais premium seguindo ensinamentos passados de geração em geração de mestres de alambique.

Nos orgulhamos de preservar e manter a memória nacional, por meio de uma bebida que representa a alma brasileira, seguindo preceitos e receitas históricas e ancestrais.

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