Ambu, Imbu, Umbu-Rana: Porque a diferença no nome e suas variações.

Imbuzeiro no meio da Caatinga.

Produtores de cachaça se deparam com um dilema quando envelhecem seu produto numa madeira muito comum na Caatinga e celebrizada por produtores de Januária, Mato Verde e Salinas.

Como escrever o nome da dita?

Imburana semelhante ao Imbuzeiro.

Temos as variáveis Amburana, Imburana e Umburana sendo a primeira e a última as mais usadas.

Acredito que a confusão tenha origem nos vários sotaques regionais do Tupy e do Jê, assim como no Português de hoje.

No passado, o Brasil era habitado por enorme quantidade de grupos nativos que guerreavam entre si e migravam de tempos em tempos percorrendo grandes extensões, a maioria desses grupos adotavam a mesma base linguística, o Tupy e habitavam majoritariamente a costa litorânea. Mas é no sertão da Caatinga que essa importante árvore prolifera e neste ambiente eram mais comuns os indígenas da linhagem Macro-Jê, como os Kariri do nordeste e Botocudo no sertão onde hoje é o norte do estado de Minas Gerais.

Nessas andanças pela Caatinga havia a dificuldade para encontrar água para beber mas eles conheciam uma árvore, o Y-Mb-ú que dá um fruto cítrico delicioso e em suas raízes, grandes “batatas” que são verdadeiros depósitos de água. Y-Mb-ú tem seu significado relacionado à água e ao ato de saciar a sede então podemos dizer que é a famigerada “Árvore Que Mata a Sede”.

Entretanto havia outra árvore similar em estrutura e também em grande quantidade, mais cheirosa mas que não possuía as “batatas d’água” e por isso recebia o sufixo “Rana” que quer dizer “semelhante”, ou seja, falso.

No norte de Minas costumamos chamá-la Imburana, na Bahia a mesma expressão com o “M” contraído tem o som de Umbú, no sul Embú, mais ao norte Imbú também e assim criou-se a confusão.

Não existe o certo ou o errado, é só uma questão de sotaque do Tupy e do Jê de vários grupos indígenas que adaptado à gramática do Português recebeu a interpretação da sonoridade de cada região.

Ixé aénnheng nheengatu (eu falo a língua boa)

Abraços!

haroldo.narciso@gmail.com

Alguém que cresceu visitando engenho para moer cana, tomar garapa e aprender a arte dos Velhos Mestres de Alambique.

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