Maturação de Cachaças

Tonél, barril, dorna, cuba, parol.

Tonél de 10.000 litros de Jequitibá Branco do Engenho Serra Geral.

O envelhecimento ou armazenamento de cachaças em barris de madeira segue regras estipuladas pelo MAPA (Ministério da Agricultura) que definem sua classificação.

Cachaças envelhecidas têm 50% de seu volume engarrafado, maturado por pelo menos um ano em barris de 200 a 700 litros. recipientes com volume menor ou maior são considerados armazenadores.

De acordo com o tempo de maturação as cachaças são classificadas como prata (armazenadas em dornas de inox, pp, pead ou madeiras neutras), ouro (50% do volume por 1 ano), premium (100% do volume de 1 a 3 anos) e extra -premium (100% por 3 anos ou mais) ou reserva especial para cachaças com características sensoriais diferenciadas, devidamente comprovadas.

O hábito de envelhecer bebidas iniciou-se muito provavelmente por acaso, posto que os recipientes de madeira sempre foram utilizados para transportar mercadorias nas viagens e até mesmo armazena-las para consumo posterior. O historiador e geógrafo Heródoto relata seu uso já na Mesopotâmia, antes de Cristo.

Os romanos começaram a utilizar barris de madeira por influência dos celtas que eram exímios na arte da tanoaria ou confecção de barris, a eles é creditada parte dos conhecimentos que se tem hoje sobre essa arte.

No Brasil, os barris que chegavam da Europa eram reutilizados no armazenamento de Cachaça e com o tempo passou-se a construí-los por aqui com nossas próprias madeiras. Eram feitos em diversos tamanhos e formatos, além das formas arredondadas que são mais comuns, alguns tinham um formato cúbico, daí o nome cuba que os primeiros portugueses também chamavam parol embora este se referisse ao cocho de recepção do caldo da cana e não ao recipiente de armazenamento, assim como as dornas.

Em Pernambuco do início do século XIX, o senhor Domingos da Silva Rabelo era um exímio tanoeiro de barris e também fazia diversos utensílios de madeira. Seu filho, frei Joaquim do Amor Divino, carmelita do convento Nossa Senhora do Carmo no Recife, ficou mais conhecido pelo apelido que fazia referência ao ofício do pai, assim Frei Caneca eternizou em sua luta por igualdade e justiça uma das profissões mais importantes no universo de nossa bebida.

O Frei sempre dizia: “Quem beber de minha caneca, terá sede de justiça”

Salve a tanoaria, salve Caneca…

Abraços!

haroldo.narciso@gmail.com

Alguém que cresceu visitando engenho para moer cana, tomar garapa e aprender a arte dos Velhos Mestres de Alambique.

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